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soap #17 Wa

Parece uma cidade com um monte de prédios 😀 Esse cenário aí de cima são as barras de sabonete que batizei de Wa, que significa “do Japão” ou “da cultura tradicional japonesa” em japonês. Na verdade, é uma versão adaptada do Chá Verde, que tinha demonstrado manchas de oxidação na primeira versão, depois de uns 2 meses de produção. Essa nova versão ganhou duas ferramentas antioxidantes, o alecrim em pó e o óleo de girassol como super fat. “Wa” em japonês tem outro significado importante, que é “harmonia”, “equilíbrio” e aprofundando mais ainda, “paz”. Quem me lembrou disso foi a minha mãe, no comentário em japonês abaixo. Inclusive, o nome dela escreve-se com esse ideograma. (update 30/06/2010)

Ele também tem uma outra inovação em relação à primeira versão. No lugar da água purificada, eu fiz um chá com o chá verde orgânico, o mesmo usado na infusão de óleo, só que com folhas novas. Assim, eu pensei, teria extraído para o sabonete as partes solúveis em óleo e as partes hidrossolúveis do chá verde. Sabonetes de chá verde são muito populares no Japão ultimamente, por serem considerados excelentes para o rosto. Os benefícios citados são clareamento de manchas, deixa a pele mais uniforme, rejuvenecedor, prevenção de acne, etc.  Citando o site Jardim de Flores, o chá é ótimo para os cuidados da pele. “E para a pele mais um benefício: por ser rica em tanino, substância com propriedades anti-séptica e adstringente, a planta é indicada também para limpar e equilibrar peles oleosas. Na edição de 3 de março de 2004, a Revista Veja publicou uma matéria anunciando a mais recente novidade que aumenta a lista de benefícios do chá verde. Ainda na área da dermatologia, a novidade é que o chá verde pode proteger contra os efeitos nocivos do sol. Segundo a revista, “o assunto foi um dos mais comentados do último congresso da Academia Americana de Dermatologia, por causa de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Nova Jersey”. Eles descobriram que o chá, transformado em creme, melhora o sistema de defesa das células da pele contra os raios ultravioleta do tipo B, aqueles responsáveis pelo vermelho-pimentão. Ao reduzir a inflamação causada por essa radiação, o chá verde aumentaria a proteção contra o câncer de pele. A descoberta pode ser o ponto de partida para a produção de uma nova família de loções.” Que ótimo!

Sabia que usar chás e outros tipos de líquido no lugar da água para derreter a soda traz sempre umas surpresas na cor ou no cheiro com a reação química. Eu fiz um chá bem mais forte do que eu teria feito se fosse para tomar. Em contato com a soda, ficou preto!!

Vi aí que ia ser um sabonete totalmente diferente da primeira versão. Tudo bem, surpresas são bem-vindas.

No final, a cor clareou um pouco e ficou com cor de café com leite.

É engraçado, ficou com cara de sabonete de carvão de bambu, outro tipo de sabonete muito popular no Japão. Ele fica com essa cor, mas a espuma é branca 😀

Produção: 25/05/2010

Liberado: 23/06/2010

Ingredientes

  1. infusão de chá verde orgânico em óleo de semente de uva
  2. óleo de palma orgânico e kosher
  3. óleo de coco
  4. óleo de arroz
  5. óleo de girassol orgânico prensado a frio
  6. chá verde (o líquido)
  7. NaOH
  8. alecrim em pó
  9. óleo essencial de gengibre

Sobre a oxidação

Ahhhh! Aconteceu, finalmente, o que eu mais temia! Alguns dias atrás me deparei com umas pequenas manchas em dois sabonetes! Claramente um sinal de oxidação, como já tinha visto em fotos de sabonetes de outros sites. E justamente no de chá verde, aquele que eu questionei sobre esse tema por causa da clorofila, nesse post. E o outro foi no de folhas de lavandas frescas, que também tem a ver com clorofila.

Dá pra ver na foto a mancha meio marronzinha com um contorno branco em volta? É essa :(.  Os pontinhos de cima não são de oxidação, eles já estavam aí, são dos pedacinhos de chá verde que passaram pelo coador e ficaram.

Fiquei bastante abalada com essa visão e fiquei até de madrugada pesquisando sobre o que fazer. Primeiro, fui identificar as possíveis causas::

  1. o chá verde ficou macerando no óleo de semente de uva, que é um óleo de fácil oxidação, segundo li em vários blogs japoneses
  2. clorofila do chá verde
  3. a cinza da soda, aquele pozinho branco que surge na superfície do sabonete, é resultado da soda que não reagiu com o óleo e subiu na superfície e entrou em contato com o oxigênio. isso é causado pela falta de aquecimento durante as 24 horas de descanso dentro do molde. Por ter uma quantidade X de soda que não reagiu com o óleo, significa que sobrou muito mais óleo não saponificado do que o que deveria dentro do sabonete e consequentemente, este óleo oxida com mais facilidade do que se tivesse sido saponificado, principalmente se for óleos mais facilmente oxidáveis.

Como solução, cheguei à seguinte conclusão:

  1. evitar óleos facilmente oxidáveis (ex.: semente de uva, linhaça, amendoa doce <- se bem que esse é necessário as vezes, pois é um óleo extremamente valioso para certos casos, como por exemplo em sabonetes especiais para o rosto)
  2. quando tiver clorofila nos ingredientes, usar somente óleos mais resistentes à oxidação
  3. incluir sempre um agente conservante natural como óleo de girassol, óleo de germe de trigo, extrato de alecrim ou alecrim em pó
  4. reforçar o aquecimento nas 24 horas de descanso dentro do molde, principalmente nessa época mais fria

Lá fui eu atrás dessas soluções. Comprei esse óleo de girassol prensado a frio orgânico para acrescentar como super fat. Ele é rico em vitamina E, que é um antioxidante natural. Tem também a opção de comprar cápsulas de vitamina E e colocar o conteúdo dentro da massa de sabonete, mas não me agrada muito. Vai saber o que mais tem dentro dessa cápsula… pode ser que tenha conservantes artificiais e outra coisas que não gostaria que estivesse dentro dos sabonetes. Não sei, mas prefiro a vitamina E que já vem naturalmente dentro dos óleos.

Este é o alecrim em pó que poderei usar em sabonetes que não precisa ficar branquinho. Uma alternativa à solução do óleo de girassol. O ideal seria o extrato de alecrim não glicólico e sem ser o óleo essencial, mas só encontrei um fornecedor e o preço é inviável. Como a minha meta é fazer sabonetes de qualidade mas que sejam acessíveis, optei pelo alecrim em pó.

E por fim, comprei uma caixa de isopor para manter a temperatura alta. Isso deve reduzir a cinza da soda, finalmente!

Agora devo estar bem protegida contra a oxidação!